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NA CONTRAMÃO DA CIÊNCIA, VEREADORES DE PORTO ALEGRE APROVAM PROJETO PARA DISTRIBUIÇÃO DE "KIT COVID"

O vereador de Porto Alegre Matheus Gomes (PSOL) criticou a aprovação do projeto que libera o Kit Covid na capital gaúcha. "A base governista não faz nenhum esforço para sairmos dessa situação de calamidade e quer usar dinheiro público para fazer o povo de cobaia!", postou Matheus no twitter. O projeto foi aprovado pela Câmara de Vereadores durante sessão desta segunda-feira (10/5), tendo 23 votos favoráveis e 10 contrários. Assinado pelos vereadores Comandante Nádia (DEM), Fernanda Barth (PRTB), Ramiro Rosário (PSDB), Mauro Pinheiro (PL) e Alexandre Bobadra (PSL), o projeto autoriza a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) a distribuir para a população, de forma gratuita, medicamentos ou suplementos autorizados pelo Ministério da Saúde no tratamento contra a covid-19.

Foto: Jeannifer Machado/CMPA

Chama a atenção uma emenda, que também foi aprovada, de autoria da vereadora Comandante Nádia (DEM), que assegura ao Poder Executivo, por meio da SMS, a responsabilidade de disponibilizar os medicamentos, preservando a autonomia da relação médico/paciente, conforme preconiza um entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ). As prefeituras reivindicam o "kit Covid" desde o final de maio de 2020, quando o Ministério da Saúde publicou orientação sobre o uso do coquetel de cloroquina (ou hidroxicloroquina, uma variante) e azitromicina, inclusive para casos com sintomas leves da Covid-19 – e logo nos primeiros dias. Até então, a administração desses medicamentos estava restrita aos hospitais e a pacientes graves. No entanto, a partir da orientação do próprio Ministério da saúde diversos municípios brasileiros solicitaram os remédios ao governo federal.


Apesar de uma nota técnica sobre a "falta de evidências científicas robustas que possibilitem a indicação de terapia farmacológica específica para a Covid-19”, cerca de 160 municípios gaúchos solicitaram o "kit Covid" ao governo federal no ano passado. Além do coquetel cloroquina + azitromicina, há menções a outras substâncias, como ivermectina, oseltamivir, zinco e as vitaminas C e D. Com isso, cada prefeitura tem optado por uma combinação própria de substâncias para integrar o “kit-Covid”, todas elas, drogas desenvolvidas para outras doenças: pode ser um antimalárico, um vermífugo, um antibiótico, um metal ou vitaminas.

AMB CONDENA O USO DO KIT COVID Em março deste ano, a Associação Médica Brasileira (AMB) divulgou um comunicado condenando o uso de remédios como cloroquina e ivermectina contra COVID-19. O posicionamento de César Eduardo Fernandes, eleito em setembro do ano passado é exatamente oposto ao do seu antecessor, que foi publicado em julho de 2020. Na ocasião, a entidade defendeu a “autonomia do médico” ao receitar os medicamentos. No comunicado mais recente, a AMB se posicionou de forma veemente contra o "kit". “Reafirmamos que, infelizmente, medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da COVID-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas dessa doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida”, diz o novo texto da AMB sobre uso de cloroquina e ivermectina contra COVID-19.

No documento, a AMB levantou 13 pontos para o enfrentamento da pandemia e reforça a necessidade de prevenção da infecção. Dentre os aspectos abordados estão a necessidade de acelerar a vacinação, manter isolamento social e uso de máscaras. O documento reforçou o apelo para que para que os pacientes não façam uso de qualquer remédio sem prescrição médica. “Aos pacientes com suspeita ou com COVID confirmada, alertamos que não se automediquem, em especial não utilizem corticoides (dexametasona, predinisona e outros); estes fármacos utilizados fora do período correto, especialmente no início dos sintomas, podem piorar a evolução da doença”. A AMB lembra que o Brasil é responsável por 25% das mortes mundiais da COVID-19, que profissionais de saúde estão exaustos e que as fake news desorientam os pacientes. Também cobrou que as autoridades públicas façam o que for preciso para o enfrentamento da pandemia.

Confira o comunicado na íntegra aqui.


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