CARTÃO COORPORATIVO: EM 3 ANOS BOLSONARO GASTA QUASE 20% A MAIS QUE DILMA E TEMER EM 4 ANOS
Apesar da defesa da transparência das contas e das promessas de corte dos gastos feitas em 2018, quando era candidato a presidente, Jair Bolsonaro mantem sob sigilo o detalhamento dos gastos com o cartão corporativo. De acordo com levantamento feito pelo jornal O Globo, entre janeiro de 2019, quando assumiu a presidência, e dezembro de 2021, Bolsonaro gastou R$ 29,6 milhões, com os 29 cartões destinados a cobrir suas despesas pessoais e de sua família. O valor é 18,8% maior do que os R$ 24,9 milhões gastos durante os quatro anos dos governos de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).

Os gastos elevados do presidente Bolsonaro levaram o senador Fabiano Contarato (PT-ES) a acionar o Tribunal de Contas da União (TCU) “para que faça ampla auditoria dos gastos de cartão corporativo do presidente da República, que estão altíssimos e superando seus antecessores, enquanto falta comida na mesa dos brasileiros”. Em 2020, o senador já havia pedido ao TCU que investigasse os gastos de Bolsonaro com o cartão corporativo. Na ocasião, os gastos do presidente com cartão corporativo, nos primeiros quatro meses do ano em questão, foram de R$ 3,7 milhões. Bolsonaro gasta em três anos quase 20% a mais que Dilma e Temer gastaram em quatro anos. "Para se ter uma ideia, somente em dezembro de 2021, quando Bolsonaro tirou férias e foi curtir praias e pescaria, os gastos com cartões corporativos somaram R$ 1,5 milhão, maior valor para um único mês durante os três anos de seu mandato. Ao longo de todo o ano de 2021, foram torrados R$ 11,8 milhões nestes cartões, o que representa o maior valor nos últimos sete anos", argumentou o senador petista.
Irritado diante das críticas sobre os gastos com cartão corporativo, Bolsonaro afirmou que o "cartão corporativo paga a alimentação das emas, tá, pessoal? Pessoal fala: ‘Ah, gastou tanto’. Eu tenho 50 emas aí, galinheiro, pato, peixe, quatro cães. Uns 200 almoçam, jantam e tomam café aí, por dia (…) Pessoal acha que peguei para comprar leite condensado pra mim”, declarou o presidente. DETALHAMENTO DOS GASTOS É SIGILO Não é de hoje que os gastos do presidente com o cartão corporativo vêm chamando a atenção dos brasileiros. A imagem acima foi publicada na página do Mídia Ninja no facebook, em maio de 2020. "A transparência é um dos principais pilares de um governo democrático, mas definitivamente não é a do governo Bolsonaro. Após ampla repercussão sobre o alto valor gasto em seu cartão corporativo só nos primeiros meses de 2020, Bolsonaro faz novas chacotas e se recusa a mostrar a fatura. Os gastos somados no cartão nos quatro primeiros meses de 2020 foi de R$ 3,76 milhões, o dobro da média do que foi pago no mesmo período nos últimos cinco anos.
Em agosto do ano passado, diversos veículos de imprensa repercutiram o assunto, em função do presidente Bolsonaro ter batido o recorde de gastos com seu cartão corporativo. De janeiro a agosto daquele ano, a União havia pago R$ 5,8 milhões com viagens e despesas domésticas da família do presidente, maior gasto desde 2001. A conta não incluía outros órgãos do governo, como a Agência Brasileira de Inteligência e o Gabinete de Segurança Institucional, que têm seus próprios cartões corporativos.
O valor dos gastos no cartão corporativo deve ser divulgado mensalmente no Portal da Transparência, mas o detalhamento da fatura é sigilo absoluto, sob a alegação de que sua divulgação pode colocar em risco a segurança do presidente.