OS MISTÉRIOS QUE ENVOLVEM A MORTE DO COORDENADOR DA CAMPANHA DE MELO EM PORTO ALEGRE

Existem muitas questões a serem esclarecidas em relação à morte do coordenador da campanha de Sebastião Melo (PMDB) à prefeitura de Porto Alegre, Plínio Zalewski, de 53 anos. Plínio foi encontrado sem vida na manhã de segunda-feira, 17, na sede do partido, na região central da capital gaúcha. A Polícia Civil do Rio Grande do Sul trabalha com a hipótese de suicídio. No entanto, Sebastião Melo demonstra preocupação com os rumos violentos que estão pautando a disputa eleitoral na capital gaúcha. Melo afirma que existem pessoas fazendo campana em frente a sua casa acha e por isso considera que o caso seja investigado pela Polícia Federal.

“O crime aconteceu dentro de um comitê eleitoral e, da mesma forma que a Polícia Federal está investigando os tiros em outro comitê na capital, ela também terá que investigar este caso. Na minha opinião, a resposta tem que ser dada o mais rápido possível. Perdemos uma vida, estamos todos machucados e abatidos”, disse Melo na terça-feira, 18, de manhã, durante o velório do correligionário, referindo-se ao incidente ocorrido no comitê de campanha de seu concorrente Nelson Marchezan (PSDB). O local foi alvo de disparos de arma de fogo na madrugada de segunda-feira. Melo disse ainda que se sente ameaçado, mas não deu detalhes. “Tem havido campana na minha casa, na casa do partido e por onde eu ando. Isso é uma coisa fascista. Campanha política não é para isso.”
Até o momento, a Polícia Civil trabalha com a hipótese de que o caso trata-se de um suicídio, mas o vice-prefeito e candidato à Prefeitura da Capital, Sebastião Melo (PMDB), em entrevista à imprensa nesta manhã, pediu que a Polícia Federal passe a investigar o caso, o que só poderia acontecer se houver suspeita de crime eleitoral. Ainda na segunda, Polícia Civil informou que Plínio foi encontrado morto em um banheiro pouco utilizado da sede municipal do PMDB, localizada na Av. João Pessoa, bairro Cidade Baixa. O local estava trancado por dentro e uma faca foi encontrada junto ao seu corpo. As circunstância levaram a Civil a trabalhar com a hipótese principal de que o peemedebista cometeu suicídio.
O delegado Paulo Grillo, diretor do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), reiterou que a principal linha de investigação para a morte continua sendo que houve suicídio e que Plínio usou uma faca para cortar o próprio pescoço. “O cenário que nós temos, em princípio, é compatível com o suicídio. Não tem nada que indique que possa ter sido um crime, homicídio”, afirmou.
O delegado pretende ouvir ainda algumas testemunhas e aguarda o resultado da perícia do local em que Plínio foi encontrado morto e também do bilhete que estava junto ao seu corpo. Segundo Paulo Grillo, a mensagem estava parcialmente inelegível e continha manchas de sangue, mas é possível perceber um “tom de despedida” e que, no texto, o peemedebista se mostrava indignado com a política e se sentia pressionado. Durante o velório, Sebastião Melo defendeu, em entrevista à imprensa, que as investigações sejam conduzidas pela Polícia Federal. Melo ponderou que Plínio estava abatido nos últimos tempos e que a própria esposa de Plínio lhe dissera que ele “já não seria mais o mesmo” em razão de ataques que viria sofrendo recentemente. Entre eles, o vice-prefeito elencou a investigação realizada, no último sábado, pela Justiça Eleitoral em uma prédio utilizado pelo partido na Capital e que supostamente estaria funcionando como comitê de campanha não declarado. Melo também afirmou que durante o período eleitoral percebeu a presença de “campana” diante de sua casa, o que considerou uma ação “fascista”.
Procurada, a Superintendência da Polícia Federal no RS informa que só poderá participar das investigações do caso se for acionada pela Justiça Eleitoral, o que aconteceria se existisse uma denúncia de que trata-se de um crime eleitoral. Ainda não há informações de que o vice-prefeito ou seu partido tenham encaminhado uma representação à Justiça Eleitoral com essa solicitação. Até o momento, a PF não recebeu nenhuma pedido para investigar a morte.