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VITÓRIA DOS ESTUDANTES, DA DIGNIDADE E DO DIREITO A TER DIREITOS


Escrevi um artigo na semana passada e publico novamente hoje, terça-feira, dia 14 de junho. A vitória dos estudantes foi maior ainda, com a ocupação da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Como jornalista, acompanhei algumas das atividades nas escolas ocupadas, sempre considerando que a luta dos estudantes merecia maior espaço na mídia tradicional, que por vezes ocultou e em outras tantas deturpou a iniciativa destes jovens.

Antes do artigo, também publico novamente um vídeo, resultado da reportagem que fiz na tarde da segunda-feira, dia 13 de junho, minutos antes dos estudantes ocuparem a Assembleia Legislativa do RS. A abordagem é uma homenagem às mulheres e à imensa luta que travam diariamente para transformar a sociedade. As entrevistas de Giovana e Maria Eduarda nos mostram um pedacinho da garra, da alma e da força destas gurias que ocupam tudo e todos os espaços, em pé de igualdade com quem quer que seja.

Parabéns a todos os estudantes e também às mães e aos pais que estiveram ao lado dos seus filhos nessa batalha de tantas versões e de distintas opiniões. Foi necessário muita responsabilidade, muita organização e muita entrega a um causa que é de toda a sociedade, ainda que parte dela não compreenda o tamanho do movimento erguido por estes jovens, a partir de um sentimento de civilidade. Sentimento esse que muitas vezes tem sido abandonado pelas autoridades e por segmentos que tem uma visão deturpada da educação.

A luta contra a precarização do ensino nos faz ter orgulho destes jovens e da sua disposição e ímpeto para para construir um mundo diferente, a partir de novos horizontes. Vocês são maravilhosos...

JUVENTUDE É REVOLUÇÃO!!!

O vídeo e mais abaixo o artigo...

MAIS QUE UMA VITÓRIA, ESTUDANTES OCUPAM ESCOLAS

E NOS DÃO AULA DE CIVILIDADE E CIDADANIA

Os estudantes que ocuparam as 150 escolas da rede estadual de ensino desde o dia 16 de maio deram uma aula de cidadania e de civilidade à sociedade gaúcha. Neste período de quase um mês, estes jovens organizaram um movimento político que rompeu o acomodado silêncio da grande imprensa, dos políticos conservadores e de uma significativa parcela da sociedade, acovardada diante de um problema que é de todos.

A partir do exemplo de São Paulo, as ocupações das escolas ficarão marcadas na história política do estado e do Brasil. Estes meninos e meninas, a grande maioria adolescentes, podem bater no peito pela luta que travaram. Podem ficar orgulhosos de si pela maturidade e pela disposição de diálogo, diante da omissão e do silêncio do governador e do seu secretário de educação. Os estudantes das escolas ocupadas foram verdadeiros gigantes ao prestar solidariedade em relação às reivindicações dos professores estaduais e a batalha por melhores condições de trabalho. Estes jovens são responsáveis também por terem despertado seus pais para a conscientização e para a mobilização pela luta contra a precarização das escolas e por melhores condições de ensino.

A ocupação das escolas, de forma ordeira e responsável, demonstrou a imensa capacidade de organização destes jovens e a sua disposição para enfrentar os desafios impostos pelo seu tempo. O movimento que ocupou escolas e saiu às ruas deu visibilidade à precarização do ensino público, tema que explodiu no asfalto e no concreto armado das nossas cidades, fazendo eco para que todos pudessem ver e ouvir. Ao que tudo indica, os estudantes devem desocupar as escolas. Neste momento, os objetivos foram alcançados. A desocupação não é uma unanimidade no movimento, mas o cenário é extremamente favorável aos estudantes, que contam com o apoio da opinião pública e todos sabem que isso pode mudar de um dia para outro.

Ao colocarem suas propostas sobre a mesa do governo, os estudantes demonstram que estão conscientes da sua força e dos seus direitos. Reivindicam a criação de uma comissão de fiscalização da aplicação dos recursos, tanto da merenda quanto de infraestrutura das escolas, ampliando o valor para reformas. Os estudantes pedem ao governo um cronograma concreto, com prazos para preenchimento do quadro de professores e as devidas explicações sobre a forma como isso será feito. Também pedem um posicionamento público do governo contrário ao projeto de lei 190/2015, do programa “Escola Sem Partido”, que tramita na Assembleia Legislativa. E exigem que, caso aprovado no Legislativo, o governador assuma o compromisso de vetar a proposta.

O sucateamento, as ruínas e as mazelas do atual sistema de ensino do Rio Grande do Sul foram denunciados pelo som dos tambores, dos megafones, das vozes juvenis, unidas e retumbantes. A preocupação dos pais em relação ao fato dos estudantes terem perdido quase um mês de aula é apenas um grão de areia nesse imenso território árido, espinhoso e precarizado do ensino público. Ainda que não sejam responsáveis pelo movimento dos estudantes e pelas ocupações nas escolas, parabéns aos professores que mesmo no deserto conseguem colher frutos tão ricos, como os que estão diante dos nossos olhos.


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